O comitê executivo do Fórum Mundial dos Produtores de Café (WCPF, sigla em inglês) se reuniu na Cidade do México, entre 8 e 12 de abril de 2018, para analisar e debater diversas questões relacionadas à sustentabilidade da cadeia de valor global do café, especialmente o declínio constante na renda dos cafeicultores durante as últimas três décadas, o que compromete sua sustentabilidade econômica. As consequências devastadoras dos preços atuais do produto para os produtores chamaram a atenção especialmente.
Entre os temas debatidos estava a necessidade de adotar sérias medidas para melhorar a renda dos produtores, por meio do trabalho conjunto com o restante da cadeia produtiva em iniciativas para ampliar o consumo, aumentar os preços do café, enfrentar as consequências das mudanças climáticas e melhorar a produtividade nos países produtores.
Conforme acordado durante a última reunião na Colômbia, em julho de 2017, o WCPF encomendou um estudo ao professor Jeffrey Sachs, assessor especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e diretor do Instituto da Terra na Universidade de Columbia, sobre "Análise Econômica e Políticas para Melhorar a Renda de Pequenos Produtores de Café". A estrutura inicial do estudo foi apresentada por Sachs aos delegados da Organização Internacional do Café (OIC), reunidos no México, e os resultados e conclusões parciais serão apresentados em setembro de 2018 e março de 2019. O relatório final será apresentado no 2º Fórum Mundial de Produtores de Café, em julho do ano que vem.
Os representantes do WCPF pedirão à Organização Internacional do Café que desempenhe um papel fundamental na implementação de algumas iniciativas, como a promoção do consumo nos países produtores e nos mercados emergentes e a facilitação do diálogo entre todos os atores da cadeia café.
Concordou-se iniciar um processo para formalizar a estrutura do WCPF como uma organização sem fins lucrativos, a qual abordará e conscientizará a respeito dos desafios da cadeia de valor do café, principalmente aqueles relacionados às situações econômica e social dos produtores, e buscará mecanismos para melhorar sua situação socioeconômica.
"Precisamos ter certeza de que a produção de café é sustentável e lucrativa, enquanto asseguramos que exista uma forte demanda global por nosso produto. As ações coordenadas entre produtores, associações de produtores, a indústria do café e a OIC para aumentar o consumo nos mercados emergentes e nos países produtores são cruciais", disse Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC) do Brasil.
Ishak Lukenge, membro do Conselho da Associação Africana de Café Fino (AFCA), disse que "nos níveis atuais de preço, o café não é economicamente sustentável para milhões de cafeicultores na África e no mundo. Todos somos corresponsáveis para tornar a cadeia de valor do café sustentável como um todo, mas também cada um dos elos que a compõem".
Ric Rhinehardt, presidente da Specialty Coffee Association (SCA), destacou que "os consumidores de hoje são exigentes e demandam qualidade excelente, mas também a garantia de que seu café é produzido de maneira sustentável".
"É impossível ter uma cadeia de valor de café sustentável com o primeiro elo extremamente fraco, os produtores, que não têm uma renda que torne sua atividade lucrativa", disse Roberto Velez, presidente da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia.
Segundo William Murray, CEO da National Coffee Association (EUA), "com algumas estimativas de que o mundo terá que dobrar a produção até 2050, a cadeia de valor do café deve garantir que a produção seja sustentável para atender à demanda global futura".
M. B. Bopanna, representante da India Coffee Trust, disse que "a classe média da Índia é composta por 450 milhões de pessoas. Acreditamos que, se expusermos a qualidade e os benefícios do café, aumentaremos significativamente o consumo em nosso país".
"Como podemos esperar que a próxima geração, nossos filhos, permaneça na produção de café se eles vêem que seus pais não podem sequer satisfazer suas necessidades básicas após décadas de trabalho?", disse René León Gómez, diretor executivo da PROMECAFE.
* O primeiro Fórum Mundial de Produtores de Café ocorreu em Medellín, na Colômbia, em julho de 2017, com cerca de 1.500 participantes de 41 países. A segunda edição está prevista para julho de 2019.
As reuniões no México contaram com a participação de representantes das seguintes organizações e países: African Fine Coffees Association (AFCA), Agence de Cafés Robusta d’Afrique et Madagascar (ACRAM), Inter-African Coffee Organization (IACO), National Agriculture Exports Development (Ruanda), Coffee Industry Corporation (Papua Nova Guiné), Uganda Coffee Development Authority, Coffee Directorate of Kenya, Commodities Fund of Kenya, Ethiopia, Burundi, Office National du Cacao et du Café (Camarões), Brazil Specialty Coffee Association (BSCA), Conselho Nacional do Café do Brasil (CNC), National Coffee Association (EUA), Instituto del Café de Costa Rica (ICAFE), Instituto Hondureño del Café (Ihcafé), Unión de Cooperativas Agropécuarias Ltda. (Honduras), Asociación Nacional de Caficultores de Honduras, Asociación Hondureña de Productores de Café, Fondo Cafetero Nacional de Honduras, El Salvador, India Coffee Trust, SAGARPA (México), Amecafé (México), Sistema Producto Café de México, Federación Nacional de Cafeteros (Colômbia) e Specialty Coffee Association (SCA - EUA e Europa).
Para mais informações: wcpf2017@gmail.com
* Comunicado traduzido pela assessoria da BSCA.
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